quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Movimento de Casas do Estudante (MCE) e seu novo desafio



As casas de estudantes são ambientes onde a coletividade e a integração de várias realidades, trazem diferentes questionamentos e pontos de vista, a serem organizados para uma melhor convivência entre os moradores. Existe sim, uma necessidade de comprometimento da universidade com os moradores das casas, contudo essa assistência não pode ser vista como favor, já que existem verbas públicas destinadas a este fim, como norteia o PNAES* e outros programas do governo federal.
Com o advento do modelo de seleção ENEM/SISU** para o ingresso nas Universidades Federais, gerou-se uma forte migração de estudantes e uma crescente demanda de acadêmicos necessitando de assistência estudantil, fazendo-se indispensável à expansão e repensamento da mesma. Sendo assim, o Movimento de Casas do Estudante (MCE) através de seus ativistas e de suas entidades como a Secretaria Nacional de Casas do Estudante (SENCE), têm um novo desafio, adequar-se a esta nova realidade e cobrar uma disseminação em larga escala da Assistência Estudantil e políticas de conscientização dos moradores, para saber como se relacionar às diferenças regionais, culturais e de opiniões.
Em primeira instância, o MCE tem procurado resolver as problemáticas através do diálogo, dentro das próprias casas e com as autoridades, demonstrando certa maturidade do movimento. Partindo para outras formas de intervenção, após esta primeira fase, como afirma Vladimir Palmeira, líder do Mov. Estudantil na época da Ditadura Militar.
Ainda neste contexto, surge à possibilidade de tomarmos decisões a cerca da organização do nosso movimento e de nossas casas, delinearmos e efetivarmos essas decisões como entendemos que devem ser, de fazermos piquete, ocuparmos reitorias, realizar encontros internos e fazer críticas públicas as formas de administração superior, quando e onde quisermos, com a garantia da integridade física dos militantes. Isso é autonomia administrativa e política.
Internamente, cabem aos estudantes articularem suas regras e convenções para melhor convívio dos moradores, utilizando-se de mecanismos como o Estatuto, Regimento e Assembleia das CEUs. Entretanto não podemos nos limitar a eles, porque quando menos esperássemos, estaríamos atados a nossas próprias regras. Desde a Casa do Estudante Brasileiro (CEB) no Rio de Janeiro, onde foi criada a União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1937 até os períodos que se seguem, novas pessoas chegam e novas ideias vão surgindo, fazendo com que o MCE e sua autonomia se aperfeiçoem e se repensem, já que estamos também sujeitos as mudanças da sociedade.
Não podemos nos acomodar, pois há muito para se batalhar; Uma vez que com o novo perfil dos estudantes das Universidades Federais, tornou-se imprescindível, o aumento do número de vagas e de sua qualidade, além de uma melhor estrutura multifacetada para que estes alunos em vulnerabilidade social e provindos de diferentes localidades consigam efetivamente prosseguir nos seus cursos e em suas vidas. Nós do MCE, assim como de todo Movimento Estudantil, não devemos nos acomodar com o que já se conseguiu em outros tempos, nos mantendo atuantes, lutando por novas conquistas e manutenção das já existentes, pois isso irá refletir no futuro, formando assim um círculo virtuoso.

* PNAES – Programa Nacional de Assistência Estudantil;
** ENEM/SISU – Exame Nacional do Ensino Médio / Sistema de Seleção Unificada.

Moradores CEUs-FURG:
Mariana Xavier de Oliveira;
Luziberto Barrozo Carneiro.



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