As casas de estudantes são ambientes onde a coletividade e a integração de várias realidades, trazem diferentes questionamentos e pontos de vista, a serem organizados para uma melhor convivência entre os moradores. Existe sim, uma necessidade de comprometimento da universidade com os moradores das casas, contudo essa assistência não pode ser vista como favor, já que existem verbas públicas destinadas a este fim, como norteia o PNAES* e outros programas do governo federal.
Com
o advento do modelo de seleção ENEM/SISU** para o ingresso nas Universidades
Federais, gerou-se uma forte migração de estudantes e uma crescente demanda de
acadêmicos necessitando de assistência estudantil, fazendo-se indispensável à
expansão e repensamento da mesma. Sendo assim, o Movimento de Casas do
Estudante (MCE) através de seus ativistas e de suas entidades como a Secretaria
Nacional de Casas do Estudante (SENCE), têm um novo desafio, adequar-se a esta
nova realidade e cobrar uma disseminação em larga escala da Assistência
Estudantil e políticas de conscientização dos moradores, para saber como se
relacionar às diferenças regionais, culturais e de opiniões.
Em
primeira instância, o MCE tem procurado resolver as problemáticas através do
diálogo, dentro das próprias casas e com as autoridades, demonstrando certa
maturidade do movimento. Partindo para outras formas de intervenção, após esta
primeira fase, como afirma Vladimir Palmeira, líder do Mov. Estudantil na época
da Ditadura Militar.
Ainda
neste contexto, surge à possibilidade de tomarmos decisões a cerca da
organização do nosso movimento e de nossas casas, delinearmos e efetivarmos
essas decisões como entendemos que devem ser, de fazermos piquete, ocuparmos
reitorias, realizar encontros internos e fazer críticas públicas as formas de
administração superior, quando e onde quisermos, com a garantia da integridade
física dos militantes. Isso é autonomia administrativa e política.
Internamente,
cabem aos estudantes articularem suas regras e convenções para melhor convívio
dos moradores, utilizando-se de mecanismos como o Estatuto, Regimento e
Assembleia das CEUs. Entretanto não podemos nos limitar a eles, porque quando
menos esperássemos, estaríamos atados a nossas próprias regras. Desde a Casa do
Estudante Brasileiro (CEB) no Rio de Janeiro, onde foi criada a União Nacional
dos Estudantes (UNE) em 1937 até os períodos que se seguem, novas pessoas
chegam e novas ideias vão surgindo, fazendo com que o MCE e sua autonomia se aperfeiçoem
e se repensem, já que estamos também sujeitos as mudanças da sociedade.
Não
podemos nos acomodar, pois há muito para se batalhar; Uma vez que com o novo
perfil dos estudantes das Universidades Federais, tornou-se imprescindível, o
aumento do número de vagas e de sua qualidade, além de uma melhor estrutura
multifacetada para que estes alunos em vulnerabilidade social e provindos de
diferentes localidades consigam efetivamente prosseguir nos seus cursos e em
suas vidas. Nós do MCE, assim como de todo Movimento Estudantil, não devemos
nos acomodar com o que já se conseguiu em outros tempos, nos mantendo atuantes,
lutando por novas conquistas e manutenção das já existentes, pois isso irá refletir
no futuro, formando assim um círculo virtuoso.
* PNAES – Programa Nacional de Assistência Estudantil;
** ENEM/SISU – Exame Nacional do Ensino Médio / Sistema
de Seleção Unificada.
Mariana Xavier de Oliveira;
Luziberto Barrozo Carneiro.
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